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Imagem: Internet
A estrada piorava a cada passo. Os
campos também iam ficando cada vez mais feios e tristes, com o capim que crescia
ao abandono de uma ponta a outra. Não se via casas e, raramente, se avistava uma árvore, de onde
poderia ouvir o piado de um pássaro perdido.
Os três aventureiros caminharam o dia
inteiro pela paisagem agreste até que, por sorte, encontram um córrego cortando
a estrada.
Surpresa, Dorothy respira aliviada, ao
beber água fresca, dizendo:
- Legal esse regato, não é mesmo?... Tio
Henry sempre dizia que nada havia de melhor para uma pessoa do que o sabor e o
som de água correndo.
- Parabéns – aplaude o Espantalho
Depois de uma pausa, ele ri e comenta:
- A água, apesar de não ter serventia
para mim, é um bem muito precioso à vida.
- Ã-hã. Gosto de descansar na beira de
um regato, distraída com a correnteza da água!
Dorothy, enquanto sacava um pedaço de
pão da cesta, olha para o céu e agradece a dádiva da natureza. Dá uma fatia a
Totó e, por educação, oferece outra ao Espantalho. Ele recusa, dizendo não ter
fome, mas gostaria de saber alguma coisa sobre si e o Kansas.
A menina faz um sim com a cabeça. E
passa um bom tempo explicando ao Espantalho como é o lugar em que mora com os
tios, especialmente, como um ciclone a trouxe até a Terra de Oz.
Ele admirado:
- Se lá é tão feio assim, não entendo
como quer deixar esse lugar tão lindo e voltar para um lugar tão seco e cinzento
como o Kansas.
- Você não compreende porque não tem
cérebro. Nós, pessoas de carne e osso, jamais trocamos a nossa terra por
nenhuma outra, por mais bela que seja.
O Espantalho suspira:
- É claro. Se a cabeça dos humanos fosse
de palha, como a minha, provavelmente viveriam somente em lugares bonitos. É
uma sorte para o Kansas que vocês têm cérebro.
Dorothy sorri. E pede:
- Que tal me contar sua história?
O boneco se ajoelha, e colhe uma
florzinha silvestre:
- Minha vida é tão curta e simples como
a dessa florzinha. Nada de especial.
- Mesmo assim, quero saber.
- Então, eu conto. Bem, como fui criado
anteontem, o que aconteceu antes no mundo é um mistério para mim.
- Conta só o depois.
- Nasci de verdade no momento em que um
fazendeiro havia terminado de desenhar meus ouvidos e perguntou ao companheiro
ao seu lado:
- Que tal as orelhas?
- Parecem meio tortas – respondeu.
- Isso não tem importância. O importante
é que são orelhas – gargalhou o fazendeiro.
- Se é assim, tudo bem – concordou o
amigo.
- Agora vou desenhar os olhos – disse
eufórico.
- Quero ver.
O Espantalho leva as mãos aos olhos,
explicando:
- Então ele pintou de azul meu olho
direito. Nossa, foi muito legal! Enquanto olhava tudo em volta com uma curiosidade
enorme, ouvi novamente a voz do fazendeiro:
- Gostou do olho, camarada?
- Bonito – aprecia o outro.
- Vou fazer o esquerdo um pouquinho
maior, que tal?
Pausa. O Espantalho, depois de um longo
suspiro:
- Ah!... Quando ficou pronto meu outro
olho, pude ver muito melhor. Em seguida, o fazendeiro fez o nariz e a boca. O
bom mesmo foi quando juntou minha cabeça ao corpo, já com os braços e as
pernas. Fiquei todo orgulhoso, sentindo que era um homem igual a todos. Daí, o
proprietário das terras foi logo se gabando:
- Bom trabalho, parece mesmo gente de
verdade.
- Sim – apressou seu companheiro.
- Tenho certeza que levará terror aos
corvos. É como se na testa dele estivesse escrito um bilhete aos pássaros: ... Se manda,
xispa, vai embora para sempre.
Pausa. Depois de outro suspiro, mais
longo ainda:
- No mesmo instante, o fazendeiro
colocou-me debaixo do braço, chamou o amigo, e me levou para o milharal. Nada
pior poderia ter acontecido!... Realmente, era uma vida muito solitária. Ali
fiquei abandonado feito trouxa, preso naquela vara de bambu, para espantar
pássaros dia e noite. Era o início de minha triste vida de espantalho, sem nada
para pensar.
- Tinha muitos pássaros para espantar? –
pergunta Dorothy.
- Sim, principalmente corvos. Assim que
me viam, fugiam para longe, achando ser criatura de verdade.
- Que legal!
- Isso até me fez sentir mais
importante. Mas, lá pelas tantas, um velho corvo pousa no meu ombro e, sem
demonstrar o menor medo, examinou-me da cabeça aos pés, ironizando:
- Arre!... Se aquele fazendeirozinho
pensa que vai me tapear de forma tão grosseira, não vai não. Você não passa de
um espantalhozinho de nada, recheado de palha velha.
Pausa. Dorothy:
- Meu Deus, o corvo ofendeu-lhe desse
jeito?
- Fiquei tão chateado que nem dei
resposta. O pássaro então desceu e comeu todo o milho que quis. Outros, vendo o
corvo naquela folga, aproveitaram para comer milho bem na minha frente, provando
que eu não era um bom espantalho. Mas, o velho corvo, antes de sair voando,
acabou me dando um consolo:
- Se você tivesse cérebro, seria um
homem até melhor do que muitos que existem por aí!
- Ah, isso eu tenho certeza – afirma Dorothy,
acariciando o ombro do espantalho.
- Passei o dia e a noite pensando nas
palavras do corvo. Então, resolvi lutar por um cérebro. Por sorte você chegou,
tirou-me da estaca e, pelo jeito, poderá me ajudar.
- Claro, vamos tentar juntos –
entusiasma a menina, sorrindo.
- Bom ouvir isso. Deve ser muito triste
ser um eterno um bobalhão sem nada na cabeça, não é mesmo?
- Acho que sim.
Nesse instante, a garota fica de pé, dá
um passo adiante, e alerta:
- Bem, já estou pronta para voltar à
estrada. Vamos indo?
- Claro, claro.
Dorothy entrega a cesta ao Espantalho,
chama Totó e voltam os três a caminhar novamente. Como já era tarde e o sol
esticava a sombra dos viajantes para lá do meio da estrada, logo a noite caiu.
No escuro, Dorothy toma o braço do Espantalho para seguir com segurança em
busca de um abrigo para passar a noite.
Andam um pouco mais e deparam com uma
cabana abandonada.
- Oba, aqui será nosso abrigo para passar
a noite!... – adianta a menina.
- Me parece ser um bom lugar, mas devemos
continuar em estado de atenção, ‘né?
- Sem dúvida, amigo. Ai, estou exausta,
vamos entrar.
A cabana era simples. Dorothy entra e
encontra uma cama de folhas secas e, com Totó enroscado ao lado, em pouco tempo
estava dormindo. O Espantalho encosta-se a um canto do cômodo e fica esperando,
pacientemente, pelo outro dia.
* FBN© - 2013 – Novas Aventuras
de Dorothy – Cap. 04 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do original por:
Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em
português - IIustr.: – Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/novas-aventuras.html
- 04 –
1 comment:
Eu amo este filme tem grandes efeitos especiais e fotografia é linda, o maravilhoso Mágico de Oz e de todos os atores fazem um grande trabalho
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