*
No outro dia, o Espantalho foi o
primeiro a entrar na Sala do Trono. Oz esperava por ele, junto à janela,
refletindo:
- Bom dia, sente-se nessa cadeira, amigo
Espantalho. Tenho que separar sua cabeça do corpo durante algum tempo. Não se
preocupe, confie em mim. É a operação para encaixar o cérebro no devido lugar.
- Está bem – obedece o boneco,
confiante.
O Mágico desprende a cabeça do
Espantalho, retira dela toda a palha e, no lugar, coloca um punhado de
serragem, misturada de alfinetes e agulhas. Depois, recoloca a cabeça no lugar,
esfrega as mãos, e garante:
- Agora, sim, pode deixar sua imaginação
voar por todos os cantos. O mundo está de portas abertas para você
- Sério?
- A partir de hoje será como todas as
demais pessoas.
Comovido, o Espantalho agradece ao falso
Mágico e volta feliz da vida para a companhia dos amigos. Dorothy olha para ele
com curiosidade.
- Como se sente, companheiro? –
pergunta.
- Um gênio!... Já serei um grande homem,
pode crer.
- Por que tantos alfinetes e agulhas na
cabeça? – estranha o Homem de Lata.
- Para provar sua inteligência aguda –
caçoa o Leão, rindo.
- O papo está bom, ma chegou a minha vez
de falar com Oz – avisa o Homem de Lata, que sai a passos largos para o Salão
do Trono.
O falso mágico, mais tranquilo, esperava
por ele:
- Você quer um coração, não é? Pois bem,
serei obrigado a abrir um buraco no seu peito para colocar o coração no lugar
certo. Espero que não haja dano.
- Em absoluto. Não sentirei nada, pode
mandar brasa.
Oz pega a tesoura de cortar metal e abre
um buraco no lado esquerdo do peito do Lenhador. Retira da gaveta, um bonito
coração feito de seda e recheado de serragem.
- Não é lindo? - pergunta.
- Bondoso também?
- Oh, sim! Muitíssimo bondoso – garante
o Mágico, já introduzindo o coração no peito do Homem de Lata.
Oz fecha o buraco com um tampão,
soldando com todo cuidado. Tira a venda dos olhos do Homem de Lata, examina sua
pupila e elogia:
- Pronto, a operação foi um sucesso! Tem
um coração e tanto, capaz de dar inveja a qualquer homem.
- Oh, nem sei como agradecer.
- Não precisa.
- Jamais vou esquecer esse ato de
bondade.
Oz abre um sorriso satisfeito. Põe a mão
no ombro do Homem de Lata, e observa:
- Pouco adianta ter bom coração se não
souber fazer bom uso dele, viu?
O Homem de Lata bate com os punhos no
peito, dizendo:
- Sempre sonhei com
esse dia. Caramba, já sinto uma luz brilhando cá dentro.
Assim dizendo, o Lenhador corre para
contar aos amigos que o coração implantado já fazia muito bem à sua alma. O
Leão, vendo os amigos felizes com os serviços de Oz, não perde mais tempo,
parte para o Salão do Trono.
Sentado confortavelmente, Oz esperava
por ele com uma garrafa verde na mão:
- Aqui está o poderoso elixir da
coragem.
- Ah, é!... Verdinho, assim!
- Sim, mistura danada de boa para
encorajar qualquer covarde.
- Tomarei tudo! – ri o Leão, já lambendo
os beiços.
O Mágico derrama o líquido numa tigela e
oferece ao Leão. Sem vacilar um momento mais, ele bebe tudo num só gole.
- Como se sente agora? – pergunta Oz.
- O mais corajoso dos animais.
Feliz e cheio de coragem, o Leão
regressa ao encontro de seus amigos para fazê-los participar de sua grande
alegria.
Sozinho na sala, o Mágico pensava ter
dado aos três o que cada um imaginava precisar para tocar a vida. Quanto a
Dorothy, seria preciso muito mais que ilusões dos sentidos para levá-la de
volta ao Kansas.
Satisfeito, Oz olha o relógio no pulso e
sai para seus aposentos, assobiando com entusiasmo.
* FBN© - 2013 – A Magia do
Grande Vigarista – Cap. 16 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do
original, editado no ano de 1900, por:
Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em
português - IIustr.: Imagens da Internet - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/magia-do-grande-vigarista.html
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