*
Welington Almeida Pinto
Naquela
noite, os viajantes foram obrigados a acampar debaixo de uma árvore frondosa. O
Homem de Lata acendeu uma fogueira com galhos secos para aquecer os companheiros
de carne e osso. Em torno do fogaréu, Dorothy e Totó comeram o último pedaço de
pão.
- Não
se preocupe, se quiser posso caçar um preá para você assar na fogueira – sugere
o Leão.
-
Esqueça, não precisa. Prefiro comida vegetal – adianta Dorothy.
-
Melhor – apoia o Espantalho.
Temendo que uma fagulha caísse em sua palha, ele
sai pela redondeza para colher nozes para Dorothy e seu cachorrinho. O Leão,
por sua vez, corre para o meio da floresta à procura de bom jantar. O que
comeu, não disse a ninguém.
Ao
amanhecer, o grupo retoma a jornada rumo à Cidade das Esmeraldas. A viagem
corria bem, até encontrarem um abismo separando a estrada em duas partes. Era
tão fundo e com barrancos tão íngremes que nenhum dos viajantes mostrou coragem
para descer e chegar do outro lado.
- Que
vamos fazer? – pergunta Dorothy, aflita.
-
Não tenho a menor ideia – responde o Homem de Lata.
O Leão
sacode a juba, pensativo. Com os olhos atentos e cara de quem estava avaliando,
mentalmente, a distância de uma margem à outra, admite:
-
Posso pular para o outro lado.
-
Então está tudo resolvido. Você leva nas costas um de cada vez – aplaude o
Espantalho, mais alegre.
- Boa
ideia. Mais vale arriscar que voltar, não é mesmo?
-
Siiiimmm – gritam todos ao mesmo tempo.
- Quem
é o primeiro?
- Eu
– levanta o braço o Espantalho.
-
Então vamos.
O
homem de palha pula para as costas do Leão. A enorme fera chega até a beira do
abismo, toma impulso e dá um salto com tanta força que alcança com sucesso o
outro lado do despenhadeiro. Depois, o felino faz o mesmo com Dorothy e Totó e,
finalmente, com o Homem de Lata. E ai, livres do abismo, o grupo reinicia a marcha
pela estrada de pedras amarelas.
Mal
andam uma centena de metros, eles escutam um ruído distante, como se fosse um
urro selvagem, vindo da floresta, cada vez mais sombria. Dorothy assustada:
-
Que rugido é esse?
-
São os Kalidás - esclarece o Leão.
-
Kalidás!... Quem são eles?
-
Nunca os vi. Dizem que tem corpo de urso e cabeça de tigre.
Dorothy,
escondendo o rosto com as mãos, meio desolada:
-
Santo Deus!...
- Feras enormes, do tamanho de cem
cachorrinhos enrolados num só. Possuem as garras afiadíssimas. Se eles nos
alcançar pode ocorrer uma tragédia atrás da outra.
-
Cruz credo!... - a garota faz o sinal da cruz.
Quando
o Leão ia falar mais sobre as feras misteriosas, a turma depara com outro
abismo cruzando a estrada. Dessa vez, muito mais largo muito mais profundo,
impossível dele saltar mesmo para um felino.
Dorothy,
depois de ficar um bom tempo estudando a região, dá seu palpite:
-
Vejam bem que aquela árvore seca, ali na beira do despenhadeiro, está para cair
a qualquer hora. Se o Homem de Lata derrubá-la, de modo que fique atravessada
ao longo do abismo, passaremos sem risco como se fosse uma ponte improvisada.
-
Isso mesmo – concordam os amigos.
Imediatamente,
o Homem de Lata pega o machado e, em pouco tempo, a árvore range e tomba sobre
o abismo, ligando as duas partes da estrada. Contentes com o trabalho do
lenhador, os amigos começaram a fazer a travessia. Mas, antes de alcançarem o
outro lado, viram que as feras misteriosas continuavam na perseguição deles.
-
Corram, corram!... São os Kalidás!... Temos que cruzar esse abismo o mais
rápido possível ou estaremos perdidos - urra o Leão, já sentindo as pernas
bambas.
-
Com mil raios! – exclama o Espantalho, assustadíssimo.
Dorothy,
com Totó agarrado ao colo, pede a Deus que ajude a todos naquele momento de
horror. Acelerando os passos, foi a primeira a pisar do outro lado da estrada.
Logo atrás vieram o Homem de Lata e o Espantalho. Por último, o Leão que, apesar
do medo, urrava sem parar numa tentativa de afugentar os Kalidás.
Nesse
momento, vendo todos salvos, o Homem de Lata pega o machado e corta a
extremidade da árvore, apoiada no barranco. Não deu outra: o tronco despencou
rápido, levando com ele os Kalidás para o fundo do abismo.
-
Ufa!... – suspira o Leão, mais aliviado.
A
perigosa aventura deixa o grupo ainda mais apreensivo para sair daquela
floresta desconhecida. Dorothy, muito cansada, monta no lombo do Leão, e
prossegue a viagem pela estrada de pedras amarelas. Agora, para alegria de
todos, cortava campos verdejantes e pontilhados de flores coloridas até
chegarem às margens de um rio largo.
Surpresa,
Dorothy pergunta:
- Será
esse o rio da Cidade das Esmeraldas?
-
Deve ser. Toda cidade tem o seu rio – imagina o Leão.
-
Como faremos para atravessá-lo?
O
Leão já estava com a resposta na ponta da língua:
-
Muito fácil, através de uma embarcação. O Homem de Lata construirá uma balsa
que nos levará até o outro lado do rio.
Sugestão
apoiada por todos. O Homem de Lata não perdeu mais tempo. Em pouco tempo escolheu,
entre os troncos de árvores derrubadas pelo vento na região, madeira ideal para
fazer uma embarcação segura. O Espantalho, muito feliz, logo saiu para colher frutas
gostosas para Dorothy e Totó, enjoados de comer nozes.
Quando
caiu a noite, os viajantes de carne e osso, quase mortos de cansaço, escolheram
o aconchego de uma árvore bem copada para dormir ali mesmo, embalados por um
ventinho gostoso e repousante, que chegava lentamente do rio.
Dorothy
até sonhou que o bondoso Mágico de Oz a levava de volta para o Kansas ao
encontros dos seus bondosos tios.
* FBN© - 2013 – A Caminho da Cidade das
Esmeraldas – Cap 07 de O MÁGICO DE
OZ – Adaptação livre do original por: Welington Almeida Pinto - Categoria:
Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da
Internet - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/caminho-da-cidade-das-esmeraldas.html
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