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Monday, March 28, 2005

07/VII - TODOS A CAMINHO DA CIDADE DAS ESMERALDAS

*



Welington Almeida Pinto






Naquela noite, os viajantes foram obrigados a acampar debaixo de uma árvore frondosa. O Homem de Lata acendeu uma fogueira com galhos secos para aquecer os companheiros de carne e osso. Em torno do fogaréu, Dorothy e Totó comeram o último pedaço de pão.

- Não se preocupe, se quiser posso caçar um preá para você assar na fogueira – sugere o Leão.

- Esqueça, não precisa. Prefiro comida vegetal – adianta Dorothy.

- Melhor – apoia o Espantalho.

 Temendo que uma fagulha caísse em sua palha, ele sai pela redondeza para colher nozes para Dorothy e seu cachorrinho. O Leão, por sua vez, corre para o meio da floresta à procura de bom jantar. O que comeu, não disse a ninguém.

Ao amanhecer, o grupo retoma a jornada rumo à Cidade das Esmeraldas. A viagem corria bem, até encontrarem um abismo separando a estrada em duas partes. Era tão fundo e com barrancos tão íngremes que nenhum dos viajantes mostrou coragem para descer e chegar do outro lado.

- Que vamos fazer? – pergunta Dorothy, aflita.

- Não tenho a menor ideia – responde o Homem de Lata.

O Leão sacode a juba, pensativo. Com os olhos atentos e cara de quem estava avaliando, mentalmente, a distância de uma margem à outra, admite:

- Posso pular para o outro lado.

- Então está tudo resolvido. Você leva nas costas um de cada vez – aplaude o Espantalho, mais alegre.

- Boa ideia. Mais vale arriscar que voltar, não é mesmo?

- Siiiimmm – gritam todos ao mesmo tempo.

- Quem é o primeiro?

- Eu – levanta o braço o Espantalho.

- Então vamos.

O homem de palha pula para as costas do Leão. A enorme fera chega até a beira do abismo, toma impulso e dá um salto com tanta força que alcança com sucesso o outro lado do despenhadeiro. Depois, o felino faz o mesmo com Dorothy e Totó e, finalmente, com o Homem de Lata. E ai, livres do abismo, o grupo reinicia a marcha pela estrada de pedras amarelas.

Mal andam uma centena de metros, eles escutam um ruído distante, como se fosse um urro selvagem, vindo da floresta, cada vez mais sombria. Dorothy assustada:

- Que rugido é esse?

- São os Kalidás - esclarece o Leão.

- Kalidás!... Quem são eles?

- Nunca os vi. Dizem que tem corpo de urso e cabeça de tigre.

Dorothy, escondendo o rosto com as mãos, meio desolada:

- Santo Deus!...

- Feras enormes, do tamanho de cem cachorrinhos enrolados num só. Possuem as garras afiadíssimas. Se eles nos alcançar pode ocorrer uma tragédia atrás da outra.

- Cruz credo!... - a garota faz o sinal da cruz.

Quando o Leão ia falar mais sobre as feras misteriosas, a turma depara com outro abismo cruzando a estrada. Dessa vez, muito mais largo muito mais profundo, impossível dele saltar mesmo para um felino.

Dorothy, depois de ficar um bom tempo estudando a região, dá seu palpite:

- Vejam bem que aquela árvore seca, ali na beira do despenhadeiro, está para cair a qualquer hora. Se o Homem de Lata derrubá-la, de modo que fique atravessada ao longo do abismo, passaremos sem risco como se fosse uma ponte improvisada.

- Isso mesmo – concordam os amigos.

Imediatamente, o Homem de Lata pega o machado e, em pouco tempo, a árvore range e tomba sobre o abismo, ligando as duas partes da estrada. Contentes com o trabalho do lenhador, os amigos começaram a fazer a travessia. Mas, antes de alcançarem o outro lado, viram que as feras misteriosas continuavam na perseguição deles.

- Corram, corram!... São os Kalidás!... Temos que cruzar esse abismo o mais rápido possível ou estaremos perdidos - urra o Leão, já sentindo as pernas bambas.

- Com mil raios! – exclama o Espantalho, assustadíssimo.

Dorothy, com Totó agarrado ao colo, pede a Deus que ajude a todos naquele momento de horror. Acelerando os passos, foi a primeira a pisar do outro lado da estrada. Logo atrás vieram o Homem de Lata e o Espantalho. Por último, o Leão que, apesar do medo, urrava sem parar numa tentativa de afugentar os Kalidás.

Nesse momento, vendo todos salvos, o Homem de Lata pega o machado e corta a extremidade da árvore, apoiada no barranco. Não deu outra: o tronco despencou rápido, levando com ele os Kalidás para o fundo do abismo.

- Ufa!... – suspira o Leão, mais aliviado.

A perigosa aventura deixa o grupo ainda mais apreensivo para sair daquela floresta desconhecida. Dorothy, muito cansada, monta no lombo do Leão, e prossegue a viagem pela estrada de pedras amarelas. Agora, para alegria de todos, cortava campos verdejantes e pontilhados de flores coloridas até chegarem às margens de um rio largo.

Surpresa, Dorothy pergunta:

- Será esse o rio da Cidade das Esmeraldas?

- Deve ser. Toda cidade tem o seu rio – imagina o Leão.

- Como faremos para atravessá-lo?

O Leão já estava com a resposta na ponta da língua:

- Muito fácil, através de uma embarcação. O Homem de Lata construirá uma balsa que nos levará até o outro lado do rio.

Sugestão apoiada por todos. O Homem de Lata não perdeu mais tempo. Em pouco tempo escolheu, entre os troncos de árvores derrubadas pelo vento na região, madeira ideal para fazer uma embarcação segura. O Espantalho, muito feliz, logo saiu para colher frutas gostosas para Dorothy e Totó, enjoados de comer nozes.

Quando caiu a noite, os viajantes de carne e osso, quase mortos de cansaço, escolheram o aconchego de uma árvore bem copada para dormir ali mesmo, embalados por um ventinho gostoso e repousante, que chegava lentamente do rio.

Dorothy até sonhou que o bondoso Mágico de Oz a levava de volta para o Kansas ao encontros dos seus bondosos tios.

 

* FBN© - 2013 – A Caminho da Cidade das Esmeraldas  – Cap  07 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do original por: Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da Internet  - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/caminho-da-cidade-das-esmeraldas.html


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