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Ilustração original, 1900
Imagem: Internet
Ao ver o balão subir, o sorriso que
iluminava o rosto de Dorothy logo se apaga. Desapontada, começa a chorar de
tristeza, quase morta de saudades dos parentes, da sua velha casa no Kansas.
O Lenhador também amargurado, confessa:
- Seria um ingrato se não sentisse a
partida de Oz. Afinal, foi ele quem me deu o coração que bate no meu peito.
Gostaria de chorar um pouco, mas só posso fazer isso se você prometer enxugar
minhas lágrimas para que não me oxide.
- Claro – responde Dorothy que logo foi
buscar uma toalha.
O Espantalho era o novo Governador da
cidade. Mesmo não sendo ele mágico, a população aprovou sua escolha com
orgulho, porque não havia nenhuma cidade no mundo, governada por um homem feito
de palha.
No outro dia os cinco amigos se reuniram
no Salão do Trono para falar sobre a situação em que se encontravam. O homem de
palha sentou-se na grande poltrona e os outros, respeitosamente, permaneceram
de pé na sua frente, enquanto ele pronunciava:
- Nossa sorte está mudando, já não
estamos tão mal assim. Agora, possuímos esse Palácio e a Cidade das Esmeraldas.
Quando lembro que eu, até pouco tempo, ficava dependurado em um poste no meio
de um milharal, sem cérebro e sem esperanças, e que hoje sou governante dessa
bela cidade, sinto satisfeito com minha nova vida.
O Homem de Lata também se manifesta:
- Eu também estou contente por ganhar um
coração, cada dia batendo com mais vigor dentro de mim.
O Leão com grande euforia, todo cheio de
si, confessa:
- Graças a Oz não sou mais um leão
covarde. Alegra-me saber que sou tão valente como qualquer outra fera.
Dorothy, com um sorriso maroto,
protesta:
- E eu?... Até quando vou continuar
mofando nessa terra perdida no fim do mundo?
- Oh, minha querida, bem que você
poderia morar aqui e ser Prefeita da Cidade das Esmeraldas. Assim, nossa
felicidade seria completa – sugere o lenhador.
- Não posso.
- Pode sim. Pelo jeito Oz nunca mais põe
os pés por aqui, foi como um cometa que cruzou o céu dessas terras.
- Agradeço-lhe, mas creio que já viajei bastante. Agora tenho que
retornar ao Kansas.
- Pense melhor.
- Não, não e não!... Lamento dizer, mas
eu quero viver com meus tios. A saudade aperta cada dia que passa.
- Se é assim que você quer, assim que
vai ser.
- Claro.
- Então, vamos fazer alguma coisa –
propõe o Homem de Lata.
O Espantalho começa
a andar de lá para cá, matutando uma ideia que pudesse tirar Dorothy daquele
lugar. Tanto pensou que os
alfinetes e agulhas começaram a querer sair pela sua cabeça. Ao fim diz:
- Bem, Dorothy, se
o plano ‘A’ não deu certo, não podemos esquecer que o alfabeto tem 24 letras.
- Quer dizer o quê
com isso?
- Em um plano “B”. Podemos convocar os
Macacos Alados para levá-la ao Kansas – sugere o Espantalho.
- Isso mesmo!... É o mais certo. Vou
buscar a Toca de Ouro – reanima Dorothy, enxugando os olhos.
Instante depois, a garota volta com o
gorro na cabeça e pronuncia as palavras mágicas. Em pouco tempo, entram voando
pelas janelas do Salão do Trono um grupo de Macacos Alados, que se espalham
pelo recinto, amistosamente. O Rei cumprimenta Dorothy com reverência:
- É a segunda vez que nos chama. Dessa
vez o que deseja dos Macacos Alados?
- Quero que me levem voando para o
Kansas.
O Rei dos Macacos balança a cabeça,
negando:
- Isso é impossível, não podemos
atravessar o deserto. Pertencemos a esse país e não somos autorizados a sair de
seus limites.
Assim falando, o Rei dos Macacos se
despede de Dorothy, abre as asas e voa pela janela, com seu bando.
- Pronto!... Desperdicei o pedido à toa
– lamenta a garota, soluçando de novo.
O homem de palha dá outra ideia:
- Quem sabe o soldado de barba verde
pode nos dar uma luz.
Todos abanaram a cabeça,
concordando. Imediatamente ele foi
convocado ao Salão do Trono. O Espantalho logo pergunta:
- Dorothy deseja cruzar o deserto. Como
pode fazer isso?
- Não sei.
- Conhece alguém para me ajudar? –
pergunta a garota em tom ansioso.
- Talvez, Glinda.
- Quem é Glinda?
- A Bruxa Bondosa do Sul, a mais
poderosa de todas. Governa os Quadradinhos. Como seu Castelo fica próximo ao
deserto, talvez ela saiba como atravessá-lo.
- E como posso chegar ao seu Castelo?
O soldado pensa antes de responder:
- Há um caminho para o Sul. Mas, dizem
que a região é cheia de perigos, infestada de animais ferozes e um povo que
ataca os estrangeiros que passam pelo seu território. Por essa razão nunca
vimos nenhum dos Quadradinhos na Cidade das Esmeraldas.
Ao ouvir isso, Dorothy decide partir o
mais depressa possível. O soldado se retira e o Espantalho dá seu palpite:
- Apesar dos perigos é a melhor saída
para realizar seu desejo. Acho que Glinda pode ajudar você, porque de outro
modo jamais poderá voltar para o Kansas.
- Vou com você – adianta o Leão. – Estou
cansado da cidade e com muita saudade dos bosques e dos campos, afinal sou uma
fera selvagem. Ademais, nossa amiga necessitará de alguém que a proteja nessa
expedição, não é mesmo?
- É verdade – concorda o Homem de Lata.
- Pensando bem, acho que também irei com ela à Terra do Sul.
- Pois bem, fica decidido que partiremos
amanhã bem cedo – decreta o Espantalho, numa súbita resolução.
- Uai, você também vai? – perguntam
todos, surpresos.
- Claro que sim. Devemos tudo a Dorothy.
É nossa oportunidade de ser útil e agradecer a quem nos ajudou com tudo que pôde
fazer pelos seus amigos.
- Obrigada. Estão sendo muito bondosos
comigo. Ai, meu Deus, que seria de mim sem vocês nesse fim de mundo?
- Partiremos amanhã de manhã. Agora,
vamos nos aprontar para a caminhada, porque o trecho é longo.
Dorothy, toda radiante, abraça seus
amigos e sai para providenciar os preparativos para a viagem.
* FBN© - 2013 – A Partida para o Sul – Cap. 18 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do
original, editado no ano de 1900, por:
Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em
português - IIustr.: Imagens da Internet - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/partida-para-o-sul.html
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