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Ilustração Original, 1900.
Imagem da Internet
Dorothy também liberta os Pisca-Piscas.
A alegria foi tanta que aquele dia foi considerado Feriado Nacional, comemorado
com desfiles alegóricos, danças e fogos por toda região.
No meio da festa, Dorothy sentiu um
grande pesar no coração com a ausência dos outros amigos.
- Pena que o Espantalho e o Homem de
Lata não estejam aqui – lamenta a garota com os olhos umedecidos de lágrimas.
- Precisamos salvá-los – determina o
Leão, também sentido.
- Pior que eu não faço a menor ideia
onde foram deixados.
- Nem eu, mas os
Pisca-Piscas devem saber.
- Claro, claro –
anima Dorothy.
Na manhã seguinte, com a ajuda dos
Pisca-Piscas, Dorothy e o Leão seguem para a floresta. Guiados por uma comitiva
formada pelos mais espertos caçadores da região, partiram em busca dos
viajantes perdidos.
Viajaram o dia todo e parte do outro para
chegarem a uma planície pedregosa, onde estava o Homem de Lata. Coitado! Todo
amassado, retorcido e, consequentemente, com as juntas enferrujadas, estava aflito
e cansado de esperar pelo socorro dos amigos.
Os Pisca-Piscas, bastante jeitosos para
carregar pessoas, colocaram o Lenhador nos ombros e regressaram ao Castelo da
falecida Bruxa do Oeste. Chegando lá, foi preciso convocar os melhores
funileiros do lugar para deixar o Homem de Lata novinho em folha, apesar de
algumas emendas.
- Eu me sentiria mais feliz se o
Espantalho estivesse de novo com a gente – assegura o Homem de Lata, quando
Dorothy relatou-lhe tudo que sucedeu naquele dia em que os Macacos Alados atacaram
todos eles.
- Pois então devemos tratar de
encontrá-lo.
Novamente os Pisca-Piscas se oferecem
para ajudar. Após longa viagem, a comitiva encontra o pé de Angico Vermelho,
onde o Espantalho continuava dependurado, ou melhor, suas roupas.
O Homem de Lata, sem perder mais tempo,
para diante da árvore já afiando a lâmina do machado.
- Num minuto, eu ponho essa árvore no
chão para salvar o que restou do Espantalho.
Dorothy, imediatamente, segura o seu
braço:
- Não, não! Não precisa derrubá-la.
Tenho outra ideia.
E virando-se para os Pisca-Piscas:
- Tem gente aqui para subir nessa árvore
e pegar as roupas do Espantalho?
- Oh, sim – adianta-se um. - Sou craque
em subir em pau-de-sebo, portanto essa é uma tarefa fácil para mim.
- Então, suba e jogue as roupas do
Espantalho para mim. Rapidamente o anão, com um metro de altura e mãos firmes,
feito macaco prego, escala a árvore, alcança a trouxinha de roupa do Espantalho
e joga para Dorothy.
O Homem de Lata fica um pouco sem graça,
mas logo reconhece que salvar uma árvore é causa muito nobre, e torna a sorrir.
De volta ao Castelo, os Pisca-Piscas enchem de palha a roupa do boneco, que
fica tão vivo quanto antes para a felicidade e alegria geral dos quatro amigos.
Passados alguns dias, Dorothy, com
saudades da família, diz:
- Chegou a hora de voltarmos à Cidade
das Esmeraldas e cobrar de Oz o que ele nos prometeu.
- Ah, sim. Apesar de muita confusão e
suspense, tudo foi realizado como o velhaco queria – assente o Homem de Lata. -
Agora, eu quero o meu coração.
- Eu, o meu cérebro – afirma satisfeito
o Espantalho.
- Eu, minha coragem – uiva o Leão em tom
severo.
- E eu, retornar ao Kansas – festeja
Dorothy, batendo palmas.
Decidem partir na madrugada do dia
seguinte. Os Pisca-Piscas ficam tristes e pedem ao Homem de Lata para retornar
e governar o país deles.
- Obrigado, aceito sim. É uma honra. Podem
esperar, prometo voltar de coração novo para apertar a mão e abraçar cada um de
vocês.
Satisfeitos com a decisão do Homem de
Lata, como demonstração de afeto e carinho, ele recebeu de presente uma grande azeiteira,
feita em prata com adornos de ouro e pedras preciosas, cheia de óleo. Dorothy
ganha dos Pisca-Piscas um lindo bracelete de ouro cravejado de diamantes. Totó
e o Leão são recompensados com coleiras de ouro. E, ao Espantalho, os
Pisca-Piscas presentearam com uma bengala feita com punho de ouro para que não
tropeçasse ao caminhar.
Cada um deles, com o rosto irradiando
felicidade, responde a essas regalias com uma bonita homilia de agradecimento.
Em seguida, Dorothy corre ao armário da dispensa do Castelo e enche a cesta de comida
para a viagem. Ao ver uma touca de ouro, embrulhada num pano vermelho com
vários desenhos de figuras cabalísticas, decide usá-la na viagem, mesmo sem
saber que era encantada.
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