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Plantação de Papoulas
Imagem: Internet
Quase meio-dia, quando a jangada ficou
pronta. Para impulsioná-la, o Homem de Lata preparou duas grandes varas de
bambu. Dorothy, com Totó nos braços, foi a primeira a embarcar. Depois, o Leão,
o Espantalho e o Homem de Lata.
Tudo ia bem até o meio do rio, quando,
de repente, uma forte correnteza começa a arrastar a jangada rio abaixo.
- Que azar!... – queixa-se o Homem de
Lata.
- Temos que fazer alguma coisa para conter
essa geringonça – alerta o Leão.
O Espantalho, afobado com a ocorrência,
empurra com tanta força o varão no fundo do rio, que ele fica grudado na lama.
E, antes que pudesse puxá-lo ou largar, a embarcação continua sendo levada pela
correnteza, deixando o boneco preso à vara no meio do rio.
Dorothy se apavora, temendo o pior para
o amigo. O Leão então decide:
- Vou pular para dentro d’água e,
nadando posso arrastar a embarcação até a outra margem do rio.
E se dirigindo ao Homem de Lata:
- Então, é só você segurar firme na
ponta da minha cauda, que tudo vai dar certo, viu?
- Positivo, companheiro.
O Leão pula na água repleto de coragem.
Em pouco tempo, cruza a jangada até a outra margem do rio. Dorothy pergunta
ansiosa:
- E agora, como salvar o Espantalho?
Ninguém responde. Sentam-se todos
desolados na beira do rio, olhando com tristeza o amigo agarrado ao varapau no
meio da correnteza.
- Precisamos livrar nosso companheiro
desse apuro. Quem ajudar?
- Calma, Dorothy, calma. Vamos pensar um
pouco mais - responde o Leão, enquanto se rolava na relva para secar.
Nisso, aparece uma Cegonha para beber
água. Ao ver os estranhos, pergunta curiosa:
- Quem são vocês?
- Sou Dorothy. Eles são meus amigos.
- Muito prazer.
- Por que estão aqui?
- Vamos para a Cidade das Esmeraldas.
- Passear?
- Queremos fazer pedidos ao Mágico de
Oz.
- Ah, é!... Muito bem, espero que ele
atenda a vocês.
- Claro.
- Basta tomar aquele caminho. Boa sorte
a todos – aponta a Cegonha com a ponta da asa.
- Dorothy agradece balançando cabeça,
com uma observação:
–
Antes, precisamos salvar o Espantalho. Veja, está dependurado numa vara ali no
meio do rio.
A Cegonha vira o longo pescoço para o outro
lado, condoída:
- Coitado!... Ah, se não fosse tão
grande e tão pesado eu poderia dar uma ajuda na salvação dele.
Dorothy abre um sorriso de esperança:
- Não. Não. Ele não pesa quase nada, é
feito de palha.
- De palha?
- Oh, por favor, nos ajude!...
- De palha!... Bem, se é assim, posso
tentar.
Imediatamente, o pássaro grande voa até
o Espantalho, agarra-o e transporta o boneco para junto dos amigos. Quando ele
se encontrou de novo com os amigos, sentiu-se tão alegre que abraçou a todos e
agradeceu a atitude bondosa da cegonha, dizendo que, quando estivesse com seu
cérebro no lugar, voltaria para pagar-lhe o grande favor.
- Não tem importância – manifesta a
cegonha. – Agrada-me muito ajudar a quem necessita.
- Claro.
- Pois bem, agora tenho que ir porque
meus filhotes me aguardam no ninho com fome. Torço para que encontrem a Cidade
das Esmeraldas e que Oz ajude vocês.
- Obrigada - responde Dorothy quando a
ave, toda orgulhosa, partia voando pelos céus.
Nesse momento, contentes os forasteiros reiniciam
a caminhada. A região era outra, bem mais vistosa. De encher os olhos.
Cultivada com plantas da família da ‘papaveráceas’, simulava um vasto tapete de
flores coloridas, brilhantes ao sol. Dorothy agacha, apanha uma papoula, cheira
e elogia o perfume:
- Não são lindas, amigos? Ai, que aroma
muito agradável!...
Mal sabia que o forte cheiro daquela
planta, com propriedades narcóticas, era capaz de entorpecer qualquer pessoa, e
deixá-la adormecida para o resto da vida. Não deu outra. Dorothy, por não
resistir os efeitos maléficos da planta, cai desmaiada na grama.
O Homem de Lata, ao ver a garota caída, sente
um estridente arrepio a percorrendo-lhe a lataria.
-
Meu Deus, que vamos fazer?
- Tudo que for possível para tirar
Dorothy daqui - acode o Leão.
- O quê, por exemplo? – pergunta o
Espantalho incomodado.
-
Qualquer coisa. Ela está dopada, portanto temos que agir rápido, porque essa
planta é do diabo..., é ópio que pode matá-la em pouco tempo. Vejam: o cão
também já perdeu os sentidos.
Totó estava caído ao lado da menina. O
Espantalho e o Homem de Lata, como não eram de carne e osso, nada sentiram. Ao
ver o felino cambaleando, também contaminado pelo tóxico, o boneco grita:
- Companheiro Leão, dê o fora desse
lugar o mais rápido possível. Vamos levar Dorothy depressa para outro lugar e
cuidar dela. Não se preocupe.
O Leão não pensa duas vezes, dispara
rumo à estrada de pedras amarelas. Rapidamente, o Espantalho e o Homem de Lata
fazem uma cadeirinha com os braços e começam a carregar a menina e o cachorrinho.
Mas, logo adiante encontram o Leão também desmaiado, como se estivesse morto.
O Homem de Lata abaixa a cabeça, fica
pensativo por um momento, e lamenta:
- Que pena!... Não podemos fazer nada
por ele. É pesado demais! Dormirá aqui para sempre. Talvez sonhe que encontrou
a coragem que tanto cobiçava.
- Sinto muito também. Era um bom sujeito
– elogia o Espantalho.
- Meu velho pai dizia que na vida precisamos ter a serenidade
necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, a coragem para modificar aquelas que podemos e
a sabedoria para
distinguir uma das outras. Certo?
distinguir uma das outras. Certo?
- Bem... Vamos embora. Dorothy pode não
suportar esse cheiro maldito por mais tempo – alerta o homem de palha.
Em pouco tempo, os viajantes deixam o
campo de papoulas. Procuram lugar seguro e estendem Dorothy e Totó na grama
macia, na esperança de que a brisa suave, batendo no seu rosto, despertasse a
menina mais ligeira.
* FBN© - 2013 – A Plantação Mortal de
Papoulas – Cap 08 de O MÁGICO DE OZ –
Adaptação livre do original por: Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa
Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da
Internet - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/plantao-mortal-de-papoulas.html
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