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Ilustração Original, 1900.
Imagem da Internet
COMO
NÃO HAVIA estrada para a Cidade das Esmeraldas, os viajantes tomam a direção do
Leste. Por volta de meio dia, com o sol bem no meio do céu, perdem a direção.
Mesmo assim, continuam a caminhar pelos campos, parando somente de noite para
dormir.
O
dia amanhece anunciando chuva. O sol não aparece.
- E
agora? – pergunta o Espantalho, apreensivo.
-
Não podemos parar de jeito nenhum, chegaremos a algum lugar habitado – responde
Dorothy, mesmo insegura e com medo do que poderiam encontrar pela frente.
Caminham
desnorteados no meio de uma área desabitada, sem que chegasse à Cidade das
Esmeraldas. E assim passam os dias vendo e admirando campos cobertos de flores,
canto dos pássaros de todas as cores e espécies, esquilos cruzando seus passos
e os macacos que se lançavam de uma árvore a outra, sem parar.
Na
manhã do quinto dia, Dorothy acorda preocupada.
- Aposto
que estamos perdidos, companheiros.
-
Não tenho a menor dúvida - responde o homem de palha.
- O
que podemos fazer?
- Por
que você não chama a Rainha dos Ratos para nos ajudar a sair dessa enrascada?
-
Ótima ideia. Provavelmente eles o caminho que leva à Cidade das Esmeraldas –
aplaude Dorothy.
A
menina então sopra o apito azul que ganhou da Rainha dos Ratos. Em poucos
minutos surgem ratos de todos os lados. A monarca chega sorrindo:
-
Olá, Dorothy, como está?
-
Estamos perdidos, sem rumo. Pode nos dizer a direção da Cidade das Esmeraldas?
-
Virgem Santa!... Na direção em que caminham não vão chegar nunca, estão indo no
sentido contrário.
-
Ah, é?
-
Que touca é essa que está usando na cabeça?
-
Foi da Bruxa Malvada do Oeste. Achei bonita. Como sou muito vaidosa resolvi
usá-la. Fiz mal?
-
Não, lógico que não. O que você não sabe é que ela tem poderes mágicos sobre os
Macacos Alados. Basta chamá-los que levarão todos até Oz.
Dorothy
abre um sorriso de contente:
- Meu
Deus, está falando sério?
-
Claro.
-
Não tinha pensado nisso.
-
Pois então mãos à obra.
- Como
funciona?
- A
fórmula mágica está escrita no forro do capuz – indica a Rainha dos Ratos.
Dorothy
retira o traje da cabeça e examina seu interior. De fato, colada ao forro permanecia
a fórmula bem guardada com a orientação para se beneficiar da magia daquela
touca. Não perdeu tempo, abriu a folha de papel e leu mentalmente o que estava
escrito, e foi logo agradecendo.
-
Ai, será a nossa salvação, bondosa Rainha dos Ratos.
A
nobre ratinha, ao perceber a satisfação e o largo sorriso no rosto da menina, anuncia
apressada:
-
Não precisa agradecer. Antes de você ler o algoritmo em voz alta, temos que dar
o fora daqui correndo. Esses macacos adoram amolar ratinhos.
-
Mesmo?
-
Sempre foi assim.
- E
a nós, não irão maltratar?
-
Não, Dorothy. Devem obrigação ao dono da Touca de Ouro.
-
Então vou usar o apito agora mesmo. Mas, só farei isso depois que vocês saírem
desse lugar com segurança.
A
Rainha chama seus súditos. Em poucos segundos, num trote acelerado eles desaparecem
dentro do mato. Dorothy, com os dois pés juntos no chão, coloca a touca na
cabeça e começa a soletrar o texto da fórmula mágica:
-
Cashiel! Schaltiel! Aphiel! Zarabiel! Sapo ré Ep-pe! Soila i riê!
Depois,
sustentada apenas na perna direita, diz:
-
Sapo ré, preketé! Ziri-zy! Ali-erê, erê!...
Os
amigos acham graça no jeito de Dorothy falar. Mas, tapam a boca com as mãos
para não rir. De repente, de todos os lados surgem os Macacos Alados. Um deles
se apresenta, solenemente:
-
Sou o Rei dos Macacos Alados. O que você manda?
-
Precisamos chegar à Cidade das Esmeraldas.
-
Seu desejo será realizado, pode ficar tranquila.
Os Macacos Alados não perdem tempo.
Apanham um por um dos aventureiros e saem voando. Dois deles, sendo um o
próprio Rei, fazem cadeirinha com os braços para levar Dorothy,
confortavelmente, abraçada ao Totó.
- Segure o meu
ombro, não solte, estamos levando vocês para a Cidade de Oz.
Durante
o percurso, muito curiosa, a menina manifesta vontade de saber sobre a vida dos
Macacos Alados, e vai logo perguntando:
-
Por que são obrigados a obedecer ao encanto da Touca de Ouro?
- É uma
longa a história – afirma o Rei dos Macacos, um tanto sério.
- Pode
me contar?
-
Bem...
-
Conta. Eu gosto muito de ouvir histórias.
O
Rei dos Macacos balança a cabeça, concordando.
-
Tempos atrás, vivíamos em liberdade na imensa floresta do Norte, onde a linda
Princesa Alegria, também mágica, morava num majestoso palácio feito de rubi. Um
dia, antes do seu casamento...
O
Macaco Alado faz uma pequena pausa, tosse e continua:
-
Vovô, o Rei dos Macacos Alados naquela época, era um velho espirituoso, gostava
mais de uma boa travessura do que de um bom cacho de bananas. Na véspera do tão
esperado casamento, ele viu o noivo da Princesa passeando ao longo do rio. Não
deu outra. Chamou outros macacos e, juntos, jogaram o jovem no rio. Foi uma
festa!... Nada melhor para a macacada assistir o elegante príncipe se debatendo
no meio d´água. Mas, para nossa surpresa, em vez dele ficar zangado, também
adorou a brincadeira. Uma farra e tanto!... Durante um bom tempo, ensopado
dentro do rio, ele se divertia dando gargalhadas sem parar.
A
Princesa, atraída pela algazarra, chegou furiosa à beira do rio. Quando soube
que vovô era o autor da brincadeira de mau gosto, veio o castigo:
enfeitiçou-nos a satisfazer três desejos para qualquer pessoa que fosse dona da
Touca de Ouro.
- O
que a Touca tem com a ver com essa história?
-
Foi o presente de casamento que a princesa ofereceu ao noivo. Como primeiro
dono da Touca, ele pediu-nos apenas para sumir das imediações do Castelo,
porque a Alegria havia tomado ódio de nosso grupo.
-
Como a Touca foi parar na cabeça da Bruxa Malvada? – pergunta Dorothy,
encantada com a história.
- Shhhhiiiiiiii!!!...
Ninguém sabe ao certo. Digo que foi terrível obedecer as ordens dessa Bruxa.
Primeiro, obrigou-nos a escravizar os Pisca-Piscas. Depois, expulsar o Grande
Oz das Terras do Oeste e, finalmente, tentar destruir o Homem de Lata e o
Espantalho, além de levar você e o Leão para serem escravos da Bruxa Malvada do
Oeste.
Mal
o Rei finaliza a história dos Macacos Alados, Dorothy pode distinguir no
horizonte as muralhas verdes e brilhantes da Cidade das Esmeraldas. Em poucos
instantes, as estranhas criaturas aladas pousam diante do portão principal,
deixando em terra firme os cinco forasteiros.
O
Rei se inclinou ante a garota e partiu de volta na velocidade de um raio,
seguido por todo seu grupo. Dorothy comenta com o Leão:
-
Não podemos dizer que não foi um ótimo passeio, apesar dos apuros.
- Melhor
ainda porque você do Castelo daquela bruxa com essa Touca. Ai, que sorte!...
* FBN© - 2013 – OS MACACOS
ALADOS – Cap 14 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do
original, editado no ano de 1900, por:
Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em
português - IIustr.: Imagens da Internet Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/os-macacos-alados.html
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